terça-feira, 29 de março de 2011

Coisas de Dudude - ABRIL 2011

Seção: "A Escrevedora" - Considerações sobre o Aulão

Ano de 2010, tempo de experimentar um formato mais de acordo com meu estar de agora, nesse instante. Sinalizando mudanças, criei estratégias de atuação distintas, deixando o tempo estar no tempo, atentando para os campos de interesse por onde quero trabalhar, agir...e nesse fluxo, venho re-configurando meu espaço de trabalho, sabendo que o material a ser recolhido é subjetivo, e sua matéria, viva.

Trabalhar o movimento advindo da percepção de um corpo humano integrado, imerso, contaminado de contemporaneidade, atravessado constantemente por ondas, discursos, falas, imagens, receitas, modos, maneiras. Por essas e outras percebemos o caos que se tornou nosso querido planeta. Por isso, resolvi ministrar “aulões” abordando o movimento, a atenção do entorno, a percepção dos seres animados e inanimados, deixando o corpo mover e quase sem querer entrar em um estado de dança, meio que como um passe de mágica.

Distraindo fui me deixando fazer: “laissez faire”. Meu intuito é a sensibilidade, algo caro e raro para nós. Cada vez mais o consumo pela aparência, pela superfície, pela casca do ovo seduz rapidamente a todos. E se pensarmos de fato o que é aparência? Podemos chegar à conclusão, por exemplo, que a casca é também uma preciosidade, pois ela é o que dentro dela é! Partindo dessa premissa, começamos a nos preocupar com a qualidade do pensamento que nos visita e nos consome. Podemos começar escutando nosso discurso diário e ouvir onde ele insiste em ficar; ou então, silenciar e escutar o que vem pelo espaço, em forma de discurso, de imagem; Ou ainda, nos perguntarmos “Eu gosto disso?”, ou apenas vou indo no fluxo que me leva, que me leva.....

A cada encontro do Aulão, em meu atelier, tenho me surpreendido com a energia produzida, com a disponibilidade e vontade de estar em conexão com o corpo do movimento, com a diversidade de pessoas e a coragem de se lançarem ao vôo. Tenho realmente me impressionado. Os estados de dança aparecem e dançamos. Estamos sempre celebrando algo precioso que se instala no espaço. PRESENTE! Para mim é uma experiência singular! Com meu aprendizado e prática de ministrar aulas de dança por muitos anos, cheguei nesse formato AULÃO, aberto, voltado para quem quer perceber e se interessa pelo corpo como uma fonte de conhecimento. Cada indivíduo é um universo singular, amplo e vasto de estórias, de imaginação. Meu serviço é ativar essas potencialidades que vão emergindo deste oceano profundo que é o corpo humano.