sábado, 15 de dezembro de 2012

Saiu a lista dos Selecionados para a Residência com a Artista VERA MANTERO





Foi grande a demanda!! E mais difícil a escolha. Dada a quantidade de inscritos, aumentamos as vagas de 15 para 20 no total.


Mas ATENÇÃO!!!

Confirme a sua presença até o dia 29 de Dezembro.

Quem não confirmar sua vaga até essa data (29 de Dezembro) perderá sua vaga para um dos inscritos na lista de espera (que segue também abaixo).

Como informado anteriormente, os selecionados receberão em breve um e-mail confirmando sua SELEÇÃO. Este e-mail deverá ser respondido com a confirmação de presença.
Boa sorte e boa residência pra vocês!!!

SELECIONADOS:

1 Beth Bastos (SP/SP)
2 Bruno Portes de Castro (Juiz de Fora/MG)
3 Carol Pedalino (RJ/RJ)
4 Christina Forniaciari (BH/MG)
5 Claudia Muller (RJ/RJ)
6 Giselle Rodrigues (BSB/DF)
7 Helena Vieira (RJ/RJ)
8 Izabel Stewart (BH/MG)
9 Joana Ribeiro (RJ/RJ)
10 Karina Collaço (BH/MG)
11 Laura Collor (RJ/RJ)
12 Leandro de Souza (CAMP/SP)
13 Letícia Castilho (BH/MG)
14 Marcos Moraes (SP/SP)
15 Maria Alice Poppe (RJ/RJ)
16 Mariana Vaz (SP/SP)
17 Patricia Werneck (SP/SP)
18 Paula Pi (SP/SP)
19 Sonia Mota (SP/SP)
20 Tuca Pinheiro (BH/MG)


Lista de espera:
1 Talita Vinagre (SP/SP)
2 Antonio Henriques Vieira (BH/MG)
3 Marise Dinis (BH/MG)
4 Luciana Lanza (BH/MG)
5 Tana Guimaraes (BH/MG)
6 Ariane De Freitas (BH/MG)
7 Cláudia Lobo (BH/MG)
8 Tatiana Melitello (SP/SP)
9 Marcelo Castro (BH/MG)
10 Flor Murta (SAL/BA)
11 Raissa Ralola (RJ/RJ)
12 Mariana Costa (SP/SP)
13 Mariana Delgado (SP/SP)

Que em 2013 não nos faltem flores...














clique na imagem para vê-la maior.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

MURUNDU - Pequenas notas sobre processo de montagem com a Meia Ponta Cia de Dança (BH/MG)

Murundu:

Embolado / Monte de coisa e coisa nenhuma / Monte


Foto: Lena Maia

Nova criação de DUDUDE para o Meia Ponta Cia de Dança, dirigida por Marisa Monadjemi. MURUNDU foi criado para quatro bailarinos/performers; uma obra aberta, pois está em constante exercício de apropriação de descobertas.

MURUNDU propositalmente traz em seu assunto o acumulo de coisas que geram murundus todo o tempo e assim imagens variadas sobre o estar no mundo de hoje e agora.
A palavra de ordem desta criação é “coisificar”, e assim produzir imagens onde o espectador poderá trabalhar a sua sensibilidade de imaginar e criar o significado de o que poderá ser MURUNDU.

MURUNDU, um monte e também um monte de coisas, das mais variadas, juntas, emaranhadas, disformes, misturadas e potentes.

O processo de MURUNDU teve inicio em Agosto desde mesmo ano, precisou de agilidade para a construção da obra em si como dos corpos que dançam esta obra.

Transformar, virar coisas, efeitos,agir como vento, pedra, terra, para tanto a necessidade de se trabalhar diretamente com o poder da imaginação.

Como uma criança, os bailarinos foram se deixando ser, proporcionando ao corpo a possibilidade de serem afetados tanto pelo imaginação quanto pelo assunto tratado em MURUNDU.

Contando com artistas como Marcelo Xavier, colaborador de trabalhos anteriores da Meia Ponta Cia de Dança na concepção da ambientação cênica e figurinos, que foram elaborados dentro de um processo criativo de assistir ensaios, discutir sobre as imagens apresentadas etc. A ambiência sonora ficou a cargo de Renato Motha musico, compositor e parceiro meu de outros trabalhos.

Nosso ponto de partida foi o clima do mundo, o tempo do mundo, o consumo do mundo, como estestópicos,assuntos rotineiros e cotidianos de qualquer humano vivente. Ou faz frio, ou calor, ou chove, ou seca, há sempre um tom de reclame, sempre o tempo é culpado de todas as ingerências do viver contemporâneo e a impressão é que não se olha realmente para o por que de tantas mudanças abruptas.

MURUNDU aborda esta questão do ser humano como mais um no planeta, poeticamente, usando de objetos descodificados de suas funções básicas para assim repontencializá-los criando um ambiente de paisagens inusitadas.

Ao espectador de MURUNDU desejo mergulhem juntos com Murundu e deixem que as imagens falem sobre algo...

Aos bailarinos de MURUNDU digam: divirtam-se, deixem ser imagens.


A Mercado Moderno e a Meia Ponta Cia de Dança apresentam a estreia do espetáculo “MURUNDU”, inspirado no meio ambiente e com com concepção, direção e organização coreográfica de Dudude e direção artística da companhia de Marisa Monadjemi.
Data:  30 de novembro, sexta-feira
e 1º e 2 de dezembro, sábado e domingo.
Horário: 20 horas.
Local: Meia Ponta Espaço Cultural Ambiente
Rua Grão Pará, 185,  Santa Efigênia
fone: 31.3241.2020

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Encontro Prático com MADALENA BERNARDES (SP), dia 08 de Dezembro de 2012


Encontro Prático com Madalena Bernardes (SP),
seguida de Jam, pra celebrar 2012.
Dia 08 de Dezembro de 2012,
na Casa Atelier de Dudude
(Casa Branca, Brumadinho/MG)

Informações sobre valores, como chegar, como acontece etc., entre em contato pelos e-mails maria.dudude@gmail.com ou dudude@dudude.com.br.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CONVOCATÓRIA Residência! [VERA MANTERO] Atelier Dudude Casa Branca 2012


Convocatória Atelier Dudude

Está em vigor a convocatória para inscrição de intérpretes-criadores, bailarinos, interessados em participar do “Encontro Prático com Vera Mantero”, de 21 a 26 de janeiro de 2013. O Encontro Prático, orientado pela artista portuguesa Vera Mantero, faz parte das ações que Dudude oferece em seu atelier, que fica em Casa Branca – distrito de Brumadinho-MG/Brasil*. Serão selecionados 15 artistas de todo o Brasil** através de processo democrático de convocatória, currículo sucinto (até 20 linhas) e carta de intenção de cada candidato.

* A produção não se responsabiliza pela hospedagem, alimentação ou transporte dos artistas selecionados, mesmo os que não residam em Belo Horizonte e arredores. Estes custos são de responsabilidade única e exclusiva dos candidatos. Serão negociados descontos em pousadas e restaurantes da região para os selecionados.
** Todos os participantes receberão certificado de participação.


Das Inscrições
15 Vagas
As inscrições para o encontro deverão ser realizadas até 07 de dezembro de 2012, exclusivamente pelo e-mail: dudude@dudude.com.br
No e-mail, enviar a) currículo sucinto (até 20 linhas) e b) carta de intenção do candidato. Os e-mails dos candidatos deverão ser identificados da seguinte forma. No campo assunto, escrever o texto: CONVOCATÓRIA ATELIER DUDUDE - VERA MANTERO [nome do candidato]. E-mails enviados fora destas especificações não serão considerados.
O resultado será divulgado no blog de Dudude (coisasdedudude.blogspot.com) e no Facebook de Dudude e ficará disponível para consulta a partir do dia 15 de dezembro de 2012. Os selecionados serão também informados por e-mail.
Os interessados podem entrar em contato pelo email: prod.jackiecastro@uol.com.br ou pelos telefones 31.9673.4519 e 31.7814.1430 para tirar suas dúvidas.


1 Por que fazer
A oportunidade de  estarmos compartilhando, trocando, vivenciando ideias, propostas, olhares com artistas de além mar, com realidades diferentes tem em si uma singularidade e importância distinta. Para os artistas do Brasil, estar com profissionais reconhecidos e com trabalhos significativos no campo da dança atual traz, sem menor sombra de duvida, um alimento potente com a consequência afirmativa na alteração de hábitos, no que implica a criação, a maneira com a qual cada um vê e sente a contemporaneidade.

2 Onde
Casa/atelier da artista de dança DUDUDE
Residência Artística, em Casa Branca, Brumadinho/MG Brasil

3 Para quem
Bailarinos, performers, artistas interessados na linguagem da dança contemporânea e seus desdobramentos.

4 Tempo de duração
Imersão de uma semana, durante as tardes, de 14 as 19hs ,de segunda a sexta. No período das manhãs o atelier ficará aberto para os artistas participantes fazerem uso.
Noites livres

5 Data/Período
21 a 25 de Janeiro de 2013
26, sábado, encerramento com mostra de trabalhos dos participantes

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Informações sobre a proposta  de Vera Mantero

O CORPO PENSANTE

A relaxação, o uso da voz, a escrita, a respiração e a associação livre são alguns dos meios a serem usados neste encontro prático de forma a encontrarmos os movimentos e as acções que se estão a passar dentro de nós. Exploraremos alguns deles separadamente de forma a incorporá-los mais tarde em processos de improvisação mais longos e mais complexos. A ideia de entrada num estado particular de consciência será muito importante. A consciência e atenção aos sinais interiores e exteriores (awareness), o uso do espaço e a exploração de objectos e materiais não serão esquecidos.
Ironia e mãos vazias levar-nos-ão mais longe.

SOBRE VERA MANTERO (PORTUGAL)

Estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Começou a sua carreira coreográfica em 1987 e desde 1991 tem mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, EUA e Singapura.
Dos seus trabalhos destacam-se os solos “Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois” (1991), “Olympia” (1993) e “uma misteriosa Coisa, disse o e.e.cummings*” (1996), assim como as peças de grupo “Sob” (1993), “Para Enfastiadas e Profundas Tristezas” (1994), “Poesia e Selvajaria” (1998), “Até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza” (2006) e a sua última criação “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” (2009). Participa regularmente em projectos internacionais de improvisação ao lado de improvisadores e coreógrafos como Lisa Nelson, Mark Tompkins, Meg Stuart e Steve Paxton. Desde o ano 2000 dedica-se igualmente ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e co-criando projectos de música experimental.

Em 1999 a Culturgest organizou durante um mês uma retrospectiva do seu trabalho realizado até à data e que se intitulou “Mês de Março, Mês de Vera”.
“Comer o Coração”, trabalho criado em parceria com o escultor Rui Chafes, representou Portugal na 26ª Bienal de São Paulo 2004.
No ano de 2002 foi-lhe atribuído o Prémio Almada (IPAE/Ministério da Cultura) e no ano 2009 o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete.

“Para mim a dança não é um dado adquirido, acredito que quanto menos o adquirir mais próxima estarei dela, uso a dança e o trabalho performativo para perceber aquilo que necessito de perceber, vejo cada vez menos sentido num performer especializado (um bailarino ou um actor ou um cantor ou um músico) e cada vez mais sentido num performer especializadamente total, vejo a vida como um fenómeno terrivelmente rico e complicado e o trabalho como uma luta contínua contra o empobrecimento do espírito, o seu e o dos outros, luta que considero essencial neste ponto da história.” 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Livro Caderno de Notações-a poética do movimento no espaço de fora





O livro Caderno de Notações-a poética do movimento no espaço de fora, está a venda em algumas livrarias de Belo Horizonte, como Scriptum, Quixote, Café com letras e diretamente comigo. Aos interessados em adquiri-lo, podem entrar em contato via blog, ou facebook.

Segue um comentário sobre seu conteúdo de Maria de Jesus Fortuna Lima, publicado em seu blog em maio de 2012 (carinhosamente errado na grafia do meu nome):



Dududi
Maria J Fortuna

“vou descobrindo espaços
Danço apenas com pedaços”

Ela era todo encanto com seus passos de cisne, a maneira pausada de falar com o olhar, antes mesmo que a boca solfejasse os primeiros sinais de que iria se pronunciar. Sua linguagem sempre foi a do corpo inteiro. Desde que era menina, pelo que fiquei sabendo. Cabelos sempre em desalinho, esvoaçando na dança com suas malhas coloridas, alongava as pernas, deslocando-se com lentidão e graça, quando caminhava, e trazia sempre um sorriso maroto intercalado de uma expressão de atenção e surpresa, quando alguém lhe segredava alguma coisa. Aquela menina de 19 anos era minha mestra de movimento na Academia de dança Marilene Martins, na década de setenta. Apesar de bem mais velha, eu reverenciava sua forma de conduzir e demonstrar os exercícios. A aula era enfeitada por aquela nuança juvenil de quem não se interessava muito pelas caras feias que a vida prometia fora da grande sala de dança do Colégio Arnaldo. Como borboleta recém-saída do casulo ao bem prazer das correntes de ar, Dududi levava a vida de adolescente, transformando o mesmo movimento a ser traçado em cada aula, como que renascendo com consciência, na fonte, expandindo-se por este mundo prisioneiro das horas. Com isso não dava para sentir-me cativa de uma coreografia. Era ponto positivo diante das minhas dificuldades com a memória de movimento e a defasagem no tempo, quando eu tentava, com enorme esforço, compensar os anos em que não tinha o privilegio de moldar meu corpo para a dança. Mas havia alguma coisa que me dizia transcendência em todo aquele aprendizado com aquela menina. Alguma coisa que tinha a ver com a expressão precocemente reflexiva que transmitia. E fui ficando... Meu espírito acompanhava tudo aquilo como contínua descoberta. Recordo-me do ar complacente da jovem mestra, ajeitando-me a postura sempre com enorme boa vontade.
Assim, em dado momento, ventre crescido para o nascimento do primeiro filho, Dududi marcava no tambor o ritmo dos gestos que, apesar da mesma coreografia, nunca se repetiam para os que sentiam a dança como aquele eterno renascimento em gestos nunca iguais. Depois vinham os festivais que enchiam os palcos de poesia, quando os corpos trazem dentro de si a semente do amor à dança.
Passados mais de trinta anos tivemos, finalmente, um reencontro. Eu observava as árvores frondosas do pátio de uma escola de artes daqui do Rio, quando ela surgiu com seu passo de cisne. A mesma linguagem corporal, o mesmo amor destilando-se em pausados movimentos, naquela expressão reflexiva que tanto me intrigava. Lá vinha ela, trazendo um livro colorido de azul, verde, rosa, cinza e outras cores. Descobri encantada, que de tanto dançar em sons e cores tornou-se poetisa. Percorrendo as praças da cidade de Belo Horizonte a Paris, debulhou a alma em versos vendo, sentindo e comungando com os espaços públicos, frequentados por pássaros, crianças e mendigos. O livro brotou com o nome Caderno de anotações – A poética do movimento no espaço de fora. Fruto de sua observação interna e externa ao conviver com aqueles recantos. Nele, entre outras belezas, está escrito:

Dou tempo ao tempo, esperar é quase uma urgência
A coragem está ainda no osso, espero chegar à superfície
Enquanto isso afino os sentidos

De uns tempos pra cá, tenho lido, diariamente, algum dos seus poemas em prosa e me surpreendo e me encanto com sua espontânea forma de lançar as palavras, com um fluxo de movimento tal qual num bailado de existência leve e profunda.

Para conectar a dança do espaço de fora
É preciso um tempo de farejamento do meu corpo em movimento

E evocando a grande Mestra Martha Graham:

Aprendi a queda do coração de Martha Graham e ela só fazia do lado esquerdo
Minhas vísceras prestaram atenção
De um pequeno movimento a outros grandes movimentos.
Comecei a fazer conexões com o mundo fora do espaço da dança
Para que serve dançar?

E ao observar os transeuntes na praça:

Passou alguém vestido de bicicleta
Seu corpo regia os objetos
Ele habitava as coisas

Desejo, Dududi, que você continue Andarilha, surpreendendo a todos com sua arte e beleza de ser o que é. Fiquei feliz com esse reencontro, não só pelo fato de ter abraçado uma velha amiga e professora de dança, mas de reconhecê-la filósofa e poetisa, e dar graças a Deus pela fatia do meu passado em que tive o privilégio de conhecê-la e encantar-me com você.


Dudude, Maria de Lourdes Hermann é artista de dança, bailarina, improvisadora, performer, diretora de espetáculos, professora. Atua no campo das artes da cena e seus desdobramentos. Desenvolve seu trabalho artístico com foco na arte contemporânea e em questões arte/vida. Natural de Muriaé(MG), vive e trabalha em Belo Horizonte e Casa Branca (Brumadinho), Brasil.

"A Projetista" em curta temporada, no Galpão Cine Horto (27 e 28 de Outubro)

De volta a Belo Horizonte "A Projetista" em curta temporada no Galpão Cine Horto, dias 27, sábado às 21 horas, e 28, domingo, às 19 horas.



Sobre o espetáculo, leia a resenha de Luiz Carlos Garrocho, publicada em seu blog, em março de 2012:

"A Projetista: uma política do desejo

Quando é que um corpo-artista realiza um encontro com a técnica, de tal modo que esta deixa de ser uma defesa diante da vida e de seu estado precário? E em que a polaridade “corpo” e “artista” desaparece ou não faz mais sentido?  Não porque tudo aquilo que nos ameaça, tendo por resposta um arcabouço qualquer, se dê necessariamente por vencido. Mas sim porque tais coisas passam a fazer parte do assombro de viver como jogo e signo. A Projetista, de Dudude, coreógrafa, bailarina, performadora e atriz, traduz isso.
Porém, não é  fácil dispor de si como signo, ao modo do abandono de si.  Pode até acontecer de repente, mas leva muito tempo. Tempo que também se perde, já que a vida escoa e os projetos não se transformam por si mesmos em encontros. Para lembrar Proust, citado por Dudude no espetáculo, diria com Deleuze que é preciso também perder tempo: 
”Nunca se sabe como uma pessoa aprende; mas, de qualquer forma que aprenda, é sempre por intermédio de signos, perdendo tempo, e não pela assimilação de conteúdos objetivos”.
Talvez, seja essa uma das chaves de leitura de A Projetista. De um lado, o tempo perdido na elaboração de um amanhã como alvo. Que é a negação do presente vivido. E o tempo que se perde no embrenhar-se da vida aos acasos. A necessidade, portanto, de ir em busca do tempo perdido.
Dudude faz da elaboração desse amanhã capturado pela burocracia, assim como desse perder-se necessário na vida, um experimento criativo. Coloca, no próprio espetáculo, o desejo de dançar uma pergunta, ou de prolongar uma fresta lançada, muitas vezes, pela própria estupidez do ato projetista. Que se transforma assim em gesto, palavra, imagem. Então, amanhã é agora.
Nossos hábitos podem nos fazer acreditar que A Projetista é um misto de teatro, de dança, depoimento pessoal, crítica e denúncia. Porém, isso não tem a menor importância, pois, como em outros processos criativos, não podemos continuar a pensar por meios que não sejam o de uma arte no campo expandido.
A Projetista é um espetáculo, mas é também uma performance.  No sentido de uma poética que chama a si as forças. Que forças são essas? Aquelas que sustentam um corpo no ato de convidar outros corpos a compartilhar essa mútua presença. Nesse sentido, não é a representação de uma “situação” ficcional a linha de condução. O que conduz o jogo performativo é o embate. Uma estratégia de conhecimento no ato mesmo da encenação.
Portanto, o que vemos não é a história ou a fábula de uma personagem, de uma “projetista”. Sim, há também esse plano ou camada de composição e leitura. Porém, ele não se configura a ponto de ser uma matriz do evento. Constitui uma esfera de problemas, de cartas ou de dados lançados. Que pedem respostas, enfrentamentos. São elementos de enunciação, ao lado de outros, como os momentos em que Dudude dança. Ou aqueles em que ela se permite emocionar com o que diz.  É nesse campo que as coisas se resolvem – no ato de dançar como necessidade e desejo.
Há linhas e planos. Como a denúncia desta época em que, como Dudude diz, será lembrada uma dia como a “era dos projetos”.  As pessoas “ficavam lançando projetos para o futuro”. Sim, Dudude aponta para o impasse das políticas públicas, contudo, sem colocar-se no lugar do queixume, com é tão comum. E num momento muito forte ela diz algo assim: por que eu devo detalhar aquilo que eu não sei o que será, como é toda criação?
Nem por isso precisamos nos tornar tristes por causa da política. Pelo contrário, Dudude faz do evento cênico o acontecimento de uma política do desejo. Não pela reivindicação de uma particularidade (o “eu” da artista) ou de uma generalidade (“os artistas”, “o humano”). Mas sim no acolhimento dessa experiência do fora, de que fala Blanchot. E da alteridade de nossa situação no mundo.
Porém, a despeito de denunciar a burocracia  das leis de incentivo e os agenciamentos que elas produzem (como o ficar à espera de uma condição externa favorável, ou de vincular o desejo ao “projeto” e, por tabela, ao Estado), A Projetista expõe os caminhos de nossas fragilidades e apostas.
Uma das sequências mais belas é a que Dudude dança, já no final do espetáculo. Uma dança da ordem da intensidade, na qual se dá um entrega e em que um corpo somente se identifica com sua própria variação. Por sua capacidade de sofrer as consequências de suas próprias ações.
Uma bela composição. O tempo reencontrado no desejo.
Referências -
- A Projetista: Concepção/intérprete: Dudude. Direção: Cristiane Paoli Quito. Assistência de direção: Lydia Del Picchia. Figurino: Marco Paulo Rolla. Trilha sonora: natalia Mallo e Danilo Penteado. Desenho de luz: Bruno Cerezoli. Vídeos: Joacélio Batista & Frederico Herrmann. Produção: Ludmila Ramalho.
DELEUZE, Gilles. Proust e os signos. Tradução de Antonio Piquet e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

DUDUDE apresenta "A Projetista"

TEMPORADA: 2 A 4 DE MARÇO
sexta e sábado, às 21h
domingo, às 19h
TEATRO do OI FUTURO (Av. Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras)
R$15 e R$7,50 (meia-entrada)
Informações: 31 3223 6756 / 31 9411 4537