quinta-feira, 29 de novembro de 2018

1,2,3 Dudude SESC Pompéia Sao Paulo de 06 a 16 de Dezembro 3 trabalhos parentes entre si Venhaassistir!!!

Sublime Travessia de 2016
A Projetista de 2011
Maria de Lourdes em Tríade de 2003

Inscrições do Encontro Pratico de Janeiro de 2019 estão quase preenchidas

Com prazer como de costume todo Janeiro durante uma semana realizamos o Encontro Prático com o intuito de travar relações conhecer, treinar e mais que tudo encontrar nossos colegas , fazer amizade e fortalecer a Comunidade Sensível através da arte. Ainda restam poucas vagas para o EP de Janeiro , a acontecer de 14 a 20 tendo como convidada Katie Duck , uma mestra da Improvisação em Dança. Para maiores informações entre em contato Dudude 31 988979597 e seja Bem Vindo!

mundo corpo & corpo-mundo



De uns tempos para cá, estou às voltas com um pensamento de conexão e ao mesmo tempo de extensão. Fazer ressoar pelo espaço afora as ideias que atravessam meu, talvez, ser corpo. É certo que trabalho na porosidade, na imagem da espuma, e no corpo como filtro e transmissor de potências. Tais potências estão na vontade, no desejo, na ação, e acredito que ela aparece quando estamos vivendo no tempo presente. Por falar em presente, observe como é linda a forma da palavra "presente": antes de sentir, estou presente na ação, estou dentro do tempo. E que tempo é este que gosto tanto de falar e discorrer sobre? Certamente não é o do relógio. Talvez seja um tempo parecido ao de Marcel Proust, em seu romance Em busca do tempo perdido. Este tempo está sempre passando, em um devir constante de aceitação e transformação.
Justamente por falar deste tempo dilatado é que me encontro aqui, impressa em palavras, que começam com o agrupamento de letras e, uma vez mais agrupadas, constroem frases. Frases com sujeito, substantivo, adjetivo, acompanhadas de verbos, pois nesta vida precisamos de ação. Nascer é uma ação: penso sempre na continuação deste fato, então, todos os dias, continuo. Mas é fato também que estou me delongando para chegar a uma questão que muito me interessa. Há um tempo comecei a pensar e sentir as ressonâncias através do movimento produzido pela ação do dançar, aonde esta ação levava meu pensamento. Comecei a escutar os ecos deste e refletir sobre. Foi então que cheguei nesta ampliação de Corpo-mundo e mundo-corpo. O que significa isto para mim, para você? Mundo grande e pequeno, mundo vasto e miúdo. Pois o que acontece dentro, está acontecendo fora. Nosso corpo habita este mundo e também é habitado por ele. Acho esta idéia maravilhosa! Traz para mim uma sensação de plenitude, de mais um no redemoinho do vir a ser, de pertencer a algo maior do que eu mesma. Traz tudo que está ao redor, compartilhando os efeitos e os afetos circundantes e circulares. E deste modo, me faz entender que o mundo está para o meu corpo-casa assim como meu corpo-casa está para o mundo, o que implica a noção de cuidado e atenção no caminho que traço e risco nesta trajetória. Árvores, rios, céus, terras, mares, animais, grandes e pequenos, coabitam este lugar, e vivemos, todo o tempo, cheios de interferências, de ressonâncias, independendo de suas freqüências.
A curiosidade que tenho serve de alimento para o entendimento das ações futuras que seguem adiante, para a compreensão das ações de ontem, e para me colocar em cima de meus pés que conversam com aquilo que os apóia: a terra. Quando me percebo, penso aonde me encontro, vejo ao redor, novamente penso, sinto como este planeta me acolhe e me nutre. Sem este chão não teríamos este corpo. Perceber a importância de tudo que nos rodeia é fundamental para termos a sensação de cuidado e de respeito para com este mundo. Deixar ressoar o mundo em nós: sabemos que estamos aqui de passagem. Insisto em falar disto. Creio que o mundo só está assim hoje porque tiveram pessoas que cuidaram e conversaram com aquilo que já estava como a água, o ar, a terra, as plantas, os animais.

Tempo para o silêncio.

Vazio.

Quero muito escrever sobre, mas me extravaso e extravio o meu querer de apenas ser simples. Será que estou me fazendo entender?

Abranger a substância do mundo para.
  
Ser.

Quando escrevo já estou sendo alguma coisa, exercendo através do meu ser que se dilui em palavras e constrói idéias como esta de Mundo-corpo e Corpo-mundo.
Hoje penso desta maneira, do pequeno para o grande e, inversamente, do grande para o pequeno.
Você já imaginou como somos imensos para uma formiga, e como somos formigas dentro do universo?
E somos massa do planeta terra, juntamente com a água, a terra, as coisas grandes e pequeninas. De longe é tudo uma coisa só e, no entanto, aqui temos nossos territórios, guerreamos por isso e aquilo, até a água está sendo comprada e ela, a água, nem sabe disso.  Ela está existindo generosamente e nós, em conjunto, sujamos, secamos, destruímos aquilo que nos guarnece, alimenta, acolhe.
Penso muito nestas questões e sabe o que faço? Faço o que posso no movimento pequeno de gente: cuido. Cuido das coisas, do espaço perto de mim, assim, desta maneira, escrevo, danço, converso, faço espetáculos, escolho as coisas, leio livros, agradeço todos os dias. Isto pode até parecer “piegas”, mas para mim não é, trabalho com arte trabalhando com a subjetividade destas impressões.
Procuro tocar, talvez, em um campo de imanências do mundo através do movimento da vida e tenho esperanças de mudanças sutis.
Não quero classificar nada. Mas quero muito ver, sentir, cuidar desta conexão Mundo corpo e Corpo mundo.
Porque isto vale a pena.  
Olhe para uma árvore florida, em uma rua cheia de carros, barulho, asfalto. Olhe como ela conversa com esta paisagem e, depois, de um breve silêncio, observe. Respire com todo seu corpo-casa esta paisagem que não faz força nenhuma para acontecer, simplesmente porque as coisas já estão no devir desta imanência.
Portanto, coragem é o que desejo hoje para todos nós que fazemos e somos a massa do mundo humano.
Portanto, cuidado é o que desejo hoje para todos nós que fazemos e somos a massa do mundo humano.


quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Composição como consequência da Improvisação(sentidos)



A composição está diretamente ligada a ação do ato de improvisar, e consequentemente da vida valer todo o tempo e também da estética de quem está na ação do A G O R A

Conexões são muitas, se escancaram via comportamentos e modos de danças reativando o ser animal aguçado de percepções, o intelecto refinado, e nesta soma percebemos como cada ser se organiza, elege, escolhe e compõe no espaço.

Tudo está relacionado vida e arte intrínsecas.

Questões pertinentes e próprias para aquele que usa da Improvisação como linguagem F I M

Como tomar a decisão do primeiro gesto?
Se colocar com uma atenção fina para com a hierarquia do espaço, os padrões do espaço, partindo do pressuposto que todo espaço tem uma Mente e um vir a ser.

O primeiro gesto pode sim ser a fonte de todo desenvolvimento da paisagem que se coloca em uma imanência de construir, desconstruir, reconstruir, assim o próprio espaço fará uso da memória de si todo o tempo, como forma de resgate, de retomada e provocação

Nós enquanto , animais, que somos,nos organizamos e cada organização nos conduz para a próxima.

Pensemos na relação MIM x Ambiente... este mim, não seria o eu, e sim um mim que habita meus perceptos e me conduz a agir e desenhar , perfurar o espaço.

Os sentidos são desenhados para detectar o que muda, o que altera, portanto para improvisar é necessário aquecer a percepção.

Cada sentido missura a mudança de diferentes maneiras e trabalham também um na sombra do outro.
As paradas, pausas através dos OLHOS
Stillness
Os OUVIDOS missuram de uma maneira tridimensional, coisa quieta aguçada, atenta.
A PELE, via toque particular microscópica, pequena.

Pensar sobre estas capturas singulares dos sentidos que na ação da improvisação farejam juntas procurando um sentido talvez de APARIÇÃO.

Enquanto improvisador, como percebemos a dança, quando estávamos em Still-pausa, ou quando estávamos movendo?

Como cada um, individuo, unico, distinto e diverso experiencia estes estados?

Identificando o apetite para estar em um ou outro estado, na codependência das demandas do espaço que esteja pertencido.

Os olhos são muito moventes, ágeis, tem uma infinidade de diferentes funções para o organismo.

Compor danças tem na relação dos olhos uma fonte de nutrição, não nos esquecendo que somos experts em ler nos olhos dos outros.

Quando escutamos podemos ler nos olhos esta escuta, sabemos que cada um se organiza via percepção, e sempre existe uma negociação dos padrões para aquilo que estamos precisando.

Improvisar também é negociar.

Estamos sempre negociando para sermos vistos, sendo um estudo para o corpo que performa do interno para o externo.

Uma coisa simples é fechar os olhos, muitas das funções dos olhos continuam, e nesta condição o tempo alarga, se avoluma, assim gastamos este tempo para nos ensinarmos a fazer alguma coisa , talvez rara e inabitual ao nosso modo de mover.
Surpresas.....
O ambiente onde estamos inserido é o coreógrafo da dança que irá acontecer.

Os sentidos , são o suporte de um corpo improvisador.

Trabalhar com os olhos trata-se de uma fonte de descobertas sobre o seu próprio mover, sobre o mover o espaço. sobre viver a composição em tempo real.

Tratamos aqui o improvisador como um pesquisador, e na vida da pesquisa de dança trabalhamos no lugar dos olhos podendo assim encontrar maneiras novas de se mover e compor.
Tudo se acalma, e a PAUSA aparece como recurso e respiração, sendo uma fonte de observação.

Posso aqui perceber que a ação da Improvisação é sim uma aventura onde os sentidos nos trazem o norte e a novidade, reenviando novos modos de compor e tornar vivo o espaço do acontecimento.

(notações escritas durante Oficina com Lisa Nelson Março de 2012)