quarta-feira, 28 de novembro de 2018
Composição como consequência da Improvisação(sentidos)
A composição está diretamente ligada a ação do ato de improvisar, e consequentemente da vida valer todo o tempo e também da estética de quem está na ação do A G O R A
Conexões são muitas, se escancaram via comportamentos e modos de danças reativando o ser animal aguçado de percepções, o intelecto refinado, e nesta soma percebemos como cada ser se organiza, elege, escolhe e compõe no espaço.
Tudo está relacionado vida e arte intrínsecas.
Questões pertinentes e próprias para aquele que usa da Improvisação como linguagem F I M
Como tomar a decisão do primeiro gesto?
Se colocar com uma atenção fina para com a hierarquia do espaço, os padrões do espaço, partindo do pressuposto que todo espaço tem uma Mente e um vir a ser.
O primeiro gesto pode sim ser a fonte de todo desenvolvimento da paisagem que se coloca em uma imanência de construir, desconstruir, reconstruir, assim o próprio espaço fará uso da memória de si todo o tempo, como forma de resgate, de retomada e provocação
Nós enquanto , animais, que somos,nos organizamos e cada organização nos conduz para a próxima.
Pensemos na relação MIM x Ambiente... este mim, não seria o eu, e sim um mim que habita meus perceptos e me conduz a agir e desenhar , perfurar o espaço.
Os sentidos são desenhados para detectar o que muda, o que altera, portanto para improvisar é necessário aquecer a percepção.
Cada sentido missura a mudança de diferentes maneiras e trabalham também um na sombra do outro.
As paradas, pausas através dos OLHOS
Stillness
Os OUVIDOS missuram de uma maneira tridimensional, coisa quieta aguçada, atenta.
A PELE, via toque particular microscópica, pequena.
Pensar sobre estas capturas singulares dos sentidos que na ação da improvisação farejam juntas procurando um sentido talvez de APARIÇÃO.
Enquanto improvisador, como percebemos a dança, quando estávamos em Still-pausa, ou quando estávamos movendo?
Como cada um, individuo, unico, distinto e diverso experiencia estes estados?
Identificando o apetite para estar em um ou outro estado, na codependência das demandas do espaço que esteja pertencido.
Os olhos são muito moventes, ágeis, tem uma infinidade de diferentes funções para o organismo.
Compor danças tem na relação dos olhos uma fonte de nutrição, não nos esquecendo que somos experts em ler nos olhos dos outros.
Quando escutamos podemos ler nos olhos esta escuta, sabemos que cada um se organiza via percepção, e sempre existe uma negociação dos padrões para aquilo que estamos precisando.
Improvisar também é negociar.
Estamos sempre negociando para sermos vistos, sendo um estudo para o corpo que performa do interno para o externo.
Uma coisa simples é fechar os olhos, muitas das funções dos olhos continuam, e nesta condição o tempo alarga, se avoluma, assim gastamos este tempo para nos ensinarmos a fazer alguma coisa , talvez rara e inabitual ao nosso modo de mover.
Surpresas.....
O ambiente onde estamos inserido é o coreógrafo da dança que irá acontecer.
Os sentidos , são o suporte de um corpo improvisador.
Trabalhar com os olhos trata-se de uma fonte de descobertas sobre o seu próprio mover, sobre o mover o espaço. sobre viver a composição em tempo real.
Tratamos aqui o improvisador como um pesquisador, e na vida da pesquisa de dança trabalhamos no lugar dos olhos podendo assim encontrar maneiras novas de se mover e compor.
Tudo se acalma, e a PAUSA aparece como recurso e respiração, sendo uma fonte de observação.
Posso aqui perceber que a ação da Improvisação é sim uma aventura onde os sentidos nos trazem o norte e a novidade, reenviando novos modos de compor e tornar vivo o espaço do acontecimento.
(notações escritas durante Oficina com Lisa Nelson Março de 2012)
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