segunda-feira, 6 de julho de 2015

A menina dança

 A menina dança no salão
 Ela dança sozinha no salão
 O salão é imenso
A menina gosta de dançar sózinha
Ela nem liga
A menina dança
O salão fica bonito
A menina dança e o salão fica bonito
Seu corpo d menina lembra um vento com muito movimento
A menina dançou tanto que de repente cai no chão e diz: aí cansei...
A dança vai embora
O salão fica pequeno e vazio

Um comentário:

  1. Em cima da mesa a menina vislumbrou um salto.
    Um único e derradeiro.
    Devaneio de deslize sobre móveis.
    Em pé e inerte é uma estátua assombrada no meio da copa esvanecida de luz.
    Assim, de pé, a menina fantasmagórica é um gesto deslocado.
    Um susto inconveniente.
    Quase um espanto.
    Uma boneca de proporções humanas e pele de borracha,
    azeitonada pela penumbra dos vidros.
    O salto contido tensiona-lhe as pernas,
    a carne da face.
    E num último artifício de cínica alegria
    anula o golpe brusco.
    Letárgica permanece, assim, por todo o dia.
    Até cair, plena, no ar.

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