UMA DANÇA PARA NINGUÉNS
Começa correndo muito sem cansaço e nem desespero
Corre correndo
As pernas se parecem com aqueles cavalos da Austrália
Sim daquela seca, que desesperados foram beber agua em um leito seco de um rio AGORA SECO
Não havia agua, não havia mais agua
Não havia rio
Só a lembrança do leito
Seco
E cheio de cavalos secos, mortos de fome de agua de rio
Eu consigo ver correndo correndo
Mas as pessoas não estão mais lá
Há um rumor de alegrias
Somente isso
E completamente sem certeza se há
Cura
C
oração
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seres vermelhos
céu vermelho
agora gelao
terra branca fria
pássaros alados
joelhos em mandala
vulcões muitos
lavas escorrendo pelas pernas
queima de muitos passados
alma limpa completamente
virginal
cavalos selvagens aparecem
galopam como selvagens
tudo a mesma coisa, está tudo dentro
bem aí aqui dentro
sem dentro eu
de repente sim aqueles cavalos secos e mortos no leito
pulam para fora
assusto eu os compreendo demais
o pulo não
sim o susto
por segundos imensos sou atravessada por vida intensas
são como fachos de luz
uma luz longínqua como faróis potentes de um farol perdido na costa oceânica de algum oceano
eles rasgam meu ser de mim
fico aos pedaços
despedaçada
como uma Taça estilhaçada no chão
sim no chão mil fragmentos
sou eu
em frangalhos me dilacero
e com olhos vidrados me quebro no chão
sem nenhum tempo
sem nenhuma pressa
galopam em velocidade
sim os cavalos
elegância
sim com uma elegância frágil e mórbida começo a cantar e a juntar os cacos de meu corpo em frangalhos
não estou morta
sim sou eu que digo e penso
sem pressa
sim eu
vou saindo, vou andando sem de maneira alguma olhar para trás
fui
também assim leve e transparente
fui apenas com o contorno
sem olhar nunca mais para trás
sim
fui
sem pressa
sim
estou indo
sim
d e v a g a r
assim você pode sentir, apenas isso sentir
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