quarta-feira, 20 de abril de 2022

sem nome

Foi assim e continua sendo

O passar dos dias, as lições de casa, os bons encontros, os encontros nada a ver que temos pela existência afora,  nos avisam que o tempo passa,  pontuando nossa existência.

E é desse jeito e maneira que vou me desencapando , incrível como a vida vale todo o tempo.

Certamente não precisaria de muito para vermos as semelhanças com os habitantes desse planeta vivo.

Por exemplo a terra respira , existe AR, TERRA, CÉU, VENTO, AGUA, NUVENS NO CÉU, CHUVAS, TEMPESTADES, MAREMOTOS, FURAÇÕES, tudo decorrente um do outro, tudo coexiste junto mesmo!

Assim vou seguindo passando acoplada as noites, ora longa e escura, ora silenciosa, ora misteriosa. Muitas das vezes vivo em sobressaltos, outras em saltos quânticos, na potência do que nomeamos corpo sem orgaos. 

Mas a necessidade de se ter um corpo com orgaos, para se ter um corpo sem orgaos, suspensão de devires vivendo no impossível para se ter se ter é o que me basta

Tudo acontece em mim, tudo atravessa esse corpo que aterrado ao chão do mundo olha o infinito dos céus, e se alonga ao universal do espaço imenso, sem borda

Olho e  me reconheço nas arvores, nos rios, no mar, nas pedras, me reconheço porque só sinto

Respiro e pelas asas desse corpo voo, o voo da Águia, Me arrasto as vezes como cobra do cerrado, me escondo como um Bicho do mato, simplesmente porque é preciso

O que me impressiona mesmo é a quantidade de capas que usamos durante mais de dois mil anos, infinitas capas que maqueiam , rebaixam nosso existir pessoa mundo, gente, ser animal

Aonde anda o selvagem em mim?

Talvez escondido nas entranhas desses orgãos, quem sabe entre o Fígado e o Pâncreas, dissimulados e murchos, que podem e se deixam  transformarem  em outras emoções que chego a não entender, talvez pelo excedido imanente de um corpo sem orgãos impossibilitados de seu dever ser, por talvez uma repressão intrusa de um corpo organicamente colocado e obediente aos modos de existir no campo social. Engendrado as normas vigentes de comportamento. 

Socorro!

Uma criança já nasce sabida e assim quase sem ser escancaradamente vista, vão lhe colocando capas e mais capas para se adequar ao desejo de outrens.


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