sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
Aberta Temporada primeiro semestre 2021 Vivência Prática do Sensível Março tem!!! inscreva-se e venha!!
sábado, 20 de fevereiro de 2021
domingo, 14 de fevereiro de 2021
uma dança para ninguéns
Começa correndo muito sem cansaço e nem desespero
Corre correndo
As pernas se parecem com aqueles cavalos da Austrália
Sim daquela seca, que desesperados foram beber agua em um leito seco de um ex rio
Não havia agua
Não havia rio
Só a lembrança do leito
Seco
E cheio de cavalos secos, mortos de fome de agua de rio
Eu consigo ver correndo correndo
Mas as pessoas não estão mais lá
Há um rumor de alegrias
Somente isso
E completamente sem certeza se há
Cura
C
oração
Avatar
seres vermelhos
pássaros alados
joelhos em mandala
vulcões muitos
lavas escorrendo pelas pernas
queima de muitos passados
alma limpa completamente
virginal
cavalos selvagens aparecem
galopam como selvagens
tudo a mesma coisa, está tudo dentro
bem aí dentro
sem dentro eu
de repente sim aqueles cavalos secos e mortos no leito
pulam para fora
assusto eu e compreendo demais
o pulo não
sim o susto
por segundos imensos sou atravessada por vida intensas
são como fachos de luz
uma luz longínqua como faróis potentes de um farol perdido na costa oceânica de algum oceano
eles rasgam meu ser de mim
fico aos pedaços
despedaçada
como uma Taça estilhaçada no chão
sim no chão mil fragmentos
sou eu
em frangalhos me dilacero
e com olhos vidrados me quebro no chão
sem nenhum tempo
sem nenhuma pressa
galopam em velocidade
sim os cavalos
elegância
sim com uma elegância frágil e mórbida começo a cantar e a juntar os cacos de meu corpo em frangalhos
não estou morta
sim sou eu que digo e penso
sem pressa
sim eu
vou saindo, vou andando sem de maneira alguma olhar para trás
fui
também assim leve e transparente
fui apenas com o contorno
sem olhar nunca mais para trás
sim
fui
sem pressa
sim
estou indo
sim
UMA AFEIÇÃO POR ELA
A mesa está para a janela
Pela janela entra sol, entra a luz da manhã
A manhã tem uma tonalidade linda de manhã
Independente de fazer sol , ou chover o amanhecer sempre traz um novo dia
O dia tem um desenho parecido aos dias de todo o sempre
Eles fazem um arco
Nascer viver morrer
Um arco que me faz lembrar do teatro, do espetáculo, da vida, de subir uma montanha e chegar ao seu topo e descer bem devagar
O subir a montanha e chegar ao seu topo é um caminho como o viver
Descer pelo outro lado da montanha é uma alegria
A novidade que a talvez montanha esconde de quem a contempla
Mistério
A vida é sim um mistério
As vezes parece ser a mesma coisa
Uma mesma coisa tão diferente
Os dias são tão definidos
Se olhar para o céu nunca é o mesmo céu
Isto eu bem sei
Todos os dias olho para o céu, ele me faz desejar
Todos os dias olho para a terra, ela me faz suportar
Quem sustenta a terra?
O firmamento dos céus, será?
Sem a luz que vem de cima
Nada cresce, brota, vive
Tudo depende um do outro
Assim eu deste tamaninho que tenho acho
Estou agora aqui pensando assim
Sinto uma enorme coisa dentro do meu coração
As vezes preciso chorar que nem menino que não ganhou um pirulito
Outras preciso gargalhar, como aquelas bruxas
Olho para a vassoura encostada na parede da cozinha de minha casa
Adoro ficar na cozinha
A vassoura sabe que eu amo ela demais
É verdade
Amo demais minha vassoura que mora na cozinha
Todos os dias tecemos confidências das mais variadas
Eu nem preciso saber o que confidencio com ela
Ela vai varrendo, meu pensamento vai desmanchando, vai espiralando
Aparecem quintais, avós, amores, saudades, vontades, desejos a casa vai ficando limpa, sabe como casa gosta de receber uma vassoura zelosa
Enquanto nós duas varremos, as canções vão brotando
Vou varrendo, vou cantando e vou limpando eu a casa e ela
Depois ela fica ali encostada na parede
Aguardando o outro dia nascer
E assim dia passa, noite chega, durmo, sonho sonhos tortos e fantásticos, noite passa
Sol levanta e eu atrás dele levanto também
E mais uma vez desde que viva estou na vida continuo
As casas já mudaram, foram muitas algumas poucas casas que vivi, frequentei e tomei intimidade, mas aprendi a ler cada casa que passei, suas querências, seus luxozinhos, suas maneiras
Agora estou nesta que tem cozinha e um quintal imensoooooo para varrer e cantar e ficar leve
Para voar
Eu e minha vassoura andamos as vezes à noitinha pelo ar
tem tempos que escrevo para desafogar o que está em mim
Dança para você para mim, para um ausente daqui para os longes deste lugar que estou
Danço porque gosto de mover
Apenas e só isso
Um momento por favor
Vou colocar uma música
Ainda não a conheço
Dança é assim gosta de se ajuntar a outras coisas poesia, musicas, livros, geografias, arqueologias, histórias, matemáticas, químicas, físicas, misturas, jardins, realidades dispares, disparidades, atualidades
Corpo vivo sabe do tempo em que vive
Atravessado ele segue
Afina suas antenas
Agora
preciso entrar em um espaço talvez galáctico
O que sustenta a lua no céu?
Meu e seu olhar penduram a lua no céu
Céu gótico
Céu ovalado
Céu disperso
Firma a nossa cabeça, por favor
Arrasto o espaço
Suspiro
Movo a borboleta pousada em meu dedo angular
Espirro flores pelos poros da pele
Choro lagrimas dos elefantes mortos por agro tóxicos
Caio de joelhos aguardando arvores brotarem
Avisto desertos
Rolo no chão como pedras de uma montanha dinamitada
Já não sou mais aquela que dançava, dançavam para mim
Golfinhos dos tempos antigos
Rios de outrora choravam em meus braços
E muitas onças apareciam em meu focinho nariz de gente
Foi aí que ....
Rompi como um raio riscado no céu
Pousei como um gavião em meu corpo amadurecido de mulher
Sim mulher desse mundão de gente
Aprendi a vida neste corpo em que vim vestida
Mas era gente como qualquer outro um ou uma
Era tanta desgraça tanta ignorância que precisava só sentir
Só fortalecer
E jogada ao chão fui brotando
Fui brotando
Uma coisa inaudita urgiu de minhas entranhas
Um grito lancinante furou o céus da imensidão do pobre mundo
Silêncio
Pausa
Corpo de um ninguém
E com uma calma exemplar peguei o copo enchi de agua
Lembrei da leveza dos passarinhos
Da vida intensa de uma libélula
Desejei paz, desejei arte desejei amor, desejei jeito e nunca mais quis saber das coisas que dizem não
era eu era um alguém desnomeado sem eu sem mim
Era um alguém inside me outside me