domingo, 14 de fevereiro de 2021

uma dança para ninguéns

 


Começa correndo muito sem cansaço e nem desespero

Corre correndo

As pernas se parecem com aqueles cavalos da Austrália

Sim daquela seca, que desesperados foram beber agua em um leito seco de um ex rio

Não havia agua

Não havia rio

Só a lembrança do leito

Seco

E cheio de cavalos secos, mortos de fome de agua de rio

Eu consigo ver correndo correndo

Mas as pessoas não estão mais lá

Há um rumor de alegrias

Somente isso

E completamente sem certeza se há

Cura

C

oração                                                                                                                           

Avatar

seres vermelhos

pássaros alados

joelhos em mandala

vulcões muitos

lavas escorrendo pelas pernas

queima de muitos passados

alma limpa completamente

virginal

cavalos selvagens aparecem

galopam como selvagens

tudo a mesma coisa, está tudo dentro

bem aí dentro

sem dentro eu

de repente sim aqueles cavalos secos e mortos no leito

pulam para fora

assusto eu e compreendo demais

o pulo não

sim o susto

por segundos imensos sou atravessada por vida intensas

são como fachos de luz

uma luz longínqua como faróis potentes de um farol perdido na costa oceânica de algum oceano

eles rasgam meu ser de mim

fico aos pedaços

despedaçada

como uma Taça estilhaçada no chão

sim no chão mil fragmentos

sou eu

em frangalhos me dilacero

e com olhos vidrados me quebro no chão

sem nenhum tempo

sem nenhuma pressa

galopam em velocidade

sim os cavalos

elegância

sim com uma elegância frágil e mórbida começo a cantar e a juntar os cacos de meu corpo em frangalhos

não estou morta

sim sou eu que digo e penso

sem pressa

sim eu

vou saindo, vou andando sem de maneira alguma olhar para trás

fui

também assim leve e transparente

fui apenas com o contorno

sem olhar nunca mais para trás

sim

fui

sem pressa

sim

estou indo

sim

 

 

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